A crise sanitária gerada pela Covid-19 em todo mundo obrigou o futebol a se reinventar. Após um período de paralização das atividades, os clubes enxergaram no digital uma possibilidade de reconstruir suas receitas, tão afetadas pela falta de público nos estádios e pela retração econômica. Neste contexto, o Brasil se destacou como um dos maiores exemplos desta tendência, segundo um estudo publicado pela Sports Tech Startup Horizm.
“As restrições sanitárias que impediram os torcedores de frequentar os estádios em 2020 geraram um crescimento acelerado do consumo digital do esporte. Este novo cenário oferece uma grande oportunidade para as marcas se conectarem – através das federações, clubes e atletas de futebol – com este público apaixonado e engajado”, afirma Ricardo Fort, ex-responsavel global de Patrocinio para a Coca-Cola e Visa, atualmente advisor da Horizm.
Apesar de ainda estar atrás em receitas e em audiência no meio digital, os clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro devem gerar mais valor em inventário digital – valor de todas as postagens em redes sociais realizadas pelos clubes – do que a Ligue 1 (França), a Bundesliga (Alemanha) e a Série A (Itália), ficando atrás apenas de Premier League (Inglaterra) e La Liga (Espanha).
Já no quesito “Valor por Fã”*, a competição nacional ocupa a liderança dentre as grandes ligas do mundo, já que tem mais do que o dobro da eficácia em gerar impressões sem perder o engajamento do que a liga inglesa. Isso faz com que os fãs dos clubes brasileiros tenham o valor de R$ 2,17, enquanto os da liga inglesa seja de R$ 1,23.
E dentre os clubes brasileiros, o Flamengo desponta como um clube praticamente imbatível no setor, reunindo audiência e inventário muito superiores aos concorrentes. Os cariocas detêm quase 30% do inventário total dos clubes da Série A, com R$ 247 milhões, e são seguidos no top 5 por Palmeiras (R$ 101 mi), São Paulo (R$ 92 mi), Santos (R$ 79 mi) e Corinthians (R$ 74 mi).
Se no Brasil não há concorrentes, em comparação com time europeus o Rubro-Negro também faz frente. O previsão de inventário do clube para 2021 é maior do que as de PSG, Bayern de Munique, Manchester City e Juventus, por exemplo, ainda que com uma audiência consideravelmente menor.
*Valor Por Fã: O valor por torcedor é uma nova métrica do setor que representa a capacidade de uma liga ou equipe de gerar valor a partir de seu inventário digital per capita e é calculado como o inventário total dividido pela audiencia total.
Horizm no Brasil
A Horizm, que tem operações em Londres (ING), Barcelona (ESP) e Lisboa (POR), foi fundada pelo brasileiro Pedro Mestriner e o espanhol José Poveda e já trabalha com 11 clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro. São eles: Flamengo, Atlético-MG, Santos, Fluminense, Cruzeiro, Bahia, Botafogo, Chapecoense, Ceará, Coritiba e Vitória; além do portal Meu Timão.
A Horizm possui em seu portfólio clientes globais, como Real Madrid, Chelsea, Arsenal, Everton, Inter de Milão, Benfica, Lyon, além da FIVB (Federação Internacional de Voleibol) e outros 80 proprietários de direitos em 15 países gerenciando mais de R$ 6 bilhões em inventário digital. A empresa oferece serviços de valoração de asset digital, comercialização de espaços nas principais plataformas digitais e automatização e profissionalização na relação com os patrocinadores.
“O Brasil apresenta números fantásticos de consumo de comunicação nas plataformas e as possibilidades são inúmeras. Vamos trazer a expertise europeia, adaptar à realidade do mercado brasileiro e trabalhar junto com clubes, federações, atletas, marcas e influenciadores para gerar receita e ajudar na retomada da indústria do esporte e do entretenimento”, disse Pedro Mestriner, CEO da companhia.